Sistema Princípios e Parâmetros. Unindo as abordagens de Konstantin Stanislávski e Noam Chomsky.
- alexandremorillas65

- 13 de ago.
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Atualizado: 2 de out.
O que é o Sistema Princípios e Parâmetros.
O Sistema Princípios e Parâmetros (SP&P) é uma abordagem de trabalho que direciona o uso dos recursos cognitivos (tecnológicos) por parte do cliente, para o aperfeiçoamento mental e físico. A ferramenta de trabalho é o acesso às características inconscientes através do consciente. Os meios para que o cliente faça uso dessas características, não dependem de explicações teóricas, nenhum tipo de metodologia ou regras. Todos somos dotados de capacidades inatas, e podemos explorar o máximo de nossas aptidões na construção daquilo que pretendemos antecipadamente. Os resultados não podem ser previstos, mas vivenciados conforme nos envolvemos seriamente naquilo que nos propomos a fazer. Todos nascemos com princípios universais; a natureza já nos forneceu ferramentas suficientes para exploração de recursos que estão em nós mesmos. Quando exploramos tais recursos, estamos parametrizando, separando o joio do trigo, estamos separando aquilo que será útil, daquilo que não servirá para nada. E isso vale para tudo: ganhar ou perder peso, parar de fumar, atingir objetivos através de metas preestabelecidas, construir personagens para um filme, novela ou peça teatral, e tudo aquilo que for uma oportunidade para mudanças. As chamadas crenças limitantes são trabalhadas no SP&P o tempo todo, com o afinco de descaracterizar essa rede de crenças, fazer com que o próprio cliente acesse do seu próprio modo os recursos necessários que dormitam no inconsciente, permitindo que seu organismo os ative, criando uma nova rede de crenças positivas através da ação física.
O caos aleatório: a Natureza rege uma misteriosa orquestra.
Psiquismo e corpo são duas entidades fenomenológicas que desafiam a ciência, que procura pistas por evidências para que uma teoria pelo menos seja formulada para termos uma vaga ideia do que poderia estar ocorrendo na relação mente-corpo. Recentemente, esse objetivo tornou-se um desafio filosófico sem solução na tentativa de explicar como algo "não material" acessa o organismo. O biolinguista Noam Chomsky defende a tese de que esta é uma questão que não pode sequer ser formulada, por não sabermos o que realmente constitui um corpo. O físico Erwin Schrödinger, em seu “What is life?”, texto especulativo acerca da vida atômica no tecido biológico, propôs a explicação de uma entidade abstrata, o gene, como um sólido aperiódico que contivesse informação através de um código. A princípio, ressaltou que deveria existir nesse código, uma ordem partindo da desordem com base na redução máxima do organismo que resultaria num caos aleatório muito conhecido como movimentos brownianos. Padrões não se repetem na aperiodicidade, logo, não haveria como estabelecer regras no caos, por não sabermos o que seria realmente um organismo para que pudesse ser explicado teoricamente. Reduzir biologicamente um organismo à etapa mais baixa da vida, continua sendo um desafio temerário à ciência. No tópico abaixo, abordaremos sobre o uso do caos: o consciente acessando o inconsciente.
A Caracterização Física: usando o caos - o Sistema .
Partindo do título anterior, a noção que temos de um corpo em sua estrutura, apenas faz com que lidemos com este organismo misterioso de maneira inconsciente. Somos dotados de características inatas nas quais não precisamos nos preocupar em “como” sabemos coisas de que não temos a menor ideia. Segundo Noam Chomsky, não sabemos "como" usamos a linguagem de forma livre e criativa, ou “como” reconhecemos rostos de diferentes ângulos sem análise consciente de nossa parte, ou, "como" damos um nó num barbante, ou porque levantamos o braço. Essas questões não interessam à mecânica determinística, porque são impossíveis de serem estudadas por falta de evidências dos efeitos da estrutura interna, desse caos desconhecido. No teatro, a máxima de Stanislávski era: permitir que características oriundas desse caos viessem à tona. O ator pode se caracterizar fisicamente fazendo uso de recursos, sem compreender como realmente estes funcionam. Pelo fato de a educação do homem ocidental ter sido influenciada pelo mecanicismo cartesiano estabelecido no século XVI, o indivíduo aprendeu a olhar para fora de si, e a ignorar as funções naturais de seu próprio corpo. Entende-se por funções, o uso natural dos recursos através de nossas intenções, jamais no “como” essas coisas estão estruturadas profundamente. Logo, o determinismo científico não é o caminho quando lidamos com o que é vivo e natural, ou seja, a criatividade. Esta é a verdadeira e única ferramenta, os meios que utilizamos para alcançarmos os fins almejados.
O uso dos recursos inatos: acesso ao inconsciente através da ação física.
Stanislávski dizia que “no palco é necessário agir.” Mas o palco não está apenas dentro do teatro, mas debaixo de nossos pés o tempo todo, ou seja, é o mundo inteiro. O chão no qual pisamos é palco para o laboratório do ator, que depende o seu sucesso, da criatividade em explorar os recursos à mão. Como o SP&P é um trabalho destinado a todas as áreas humanas, por sermos todos atores em ação, apresentamos aqui como o profissional do teatro exerce suas funções na construção de personagens. O ator recebe do grupo teatral, ou de uma produção cinematográfica, um roteiro. Este deve ser alterado o máximo possível para que encontre o seu ponto crucial, quando o sentido geral da peça ou filme seja internalizado e as expressões sejam externalizadas. O processo de internalização se dá entre a preparação do ator e a construção da personagem, mas nunca sabemos quando a preparação termina e a construção começa. O que vemos é que a caracterização física da personagem começa a ganhar corpo, e isso ocorre quando o inconsciente é acessado através de comandos conscientes. É partindo do realismo físico, e não do psicológico, que as características são moldadas. Estas são construídas no período de latência, durante o processo de uso das capacidades inatas para a imaginação criativa. Quando estamos determinados a produzir um efeito sobre o mundo, os recursos cognitivos envolvidos no processo passam a ser executados, mas nunca sem paixão. O ânimo elevado para tal empreendimento, faz com que a intenção focada atinja o inconsciente para que este devolva em forma de resultado. Portanto, a ação física trabalhada no Sistema Stanislávski é a chave para as expressões artísticas. Por serem inatas, não podem ser aprendidas, porque ninguém as conhece.
A distância estrutural mínima e o período de latência.
A caracterização física manifesta, não depende do tempo cronológico. A ordem linear corrente no tempo, não condiz com a natureza do organismo que tem uma lógica interna própria, escondida de nós, uma via estrutural mínima ou sintaxe hierárquica. Essa propriedade desconhecida a exploramos quando estamos verdadeiramente determinados a atingir um objetivo. A caracterização, compreendida no tempo cronológico pode ocorrer a curto prazo, mas não sabemos porque isso acontece. Mas o que seriam exatamente ordem linear e via estrutural? A primeira é a forma como estamos acostumados através de nossas idiossincrasias, ou seja, através de nosso modo de ver e sentir as impressões vindas de fora, a interpretar a noção temporal quando fazemos coisas, enquanto a segunda não interpreta tempo, quando procura executar as funções inconscientes pela menor via possível. O emagrecimento de uma pessoa pode ocorrer em meses porque estruturalmente seu organismo encontrou a via mínima , ou uma preparação física e psicológica para uma determinada área esportiva, ou até mesmo um salto para frente quando nos empenhamos em um estudo detalhado e linearmente vasto, são exemplos de como certas faculdades aparentemente rudimentares se desenvolvem rapidamente, quando passamos a fazer uso. O período de latência, olhado do ponto de vista cronológico, espanta com a rapidez com que certas características brotam, mas nunca esse ponto de vista pode servir de referência quando se trata de processamentos internos que geram manifestações inesperadas.
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