Perda de peso: requisitos com base no Sistema Stanislávski.

1. O tratamento é voltado para obesos e pessoas acima do peso, e também para os que necessitam modificar paradigmas em suas vidas, fazendo uso das capacidades artísticas - sobre tais capacidades, cf. Wallace, seção "A Origem das Faculdades Musicais e Artísticas".

2. O Sistema Princípios e Parâmetros (SP&P) evita qualquer tipo de publicidade que vise promessas de emagrecimento. Não prega metodologias ou ideias relacionadas à programação de ordem psicológica, sendo que a relação mente-cérebro é completamente desconhecida, não podendo sequer ser tratada como um processo computacional.

3. O cliente é entrevistado em sessão para avaliação de perfil para o trabalho.

4. O SP&P não é recomendado para o público que tem por objetivo, atingir apenas a condição estética, e não prescreve dietas alimentares. O trabalho envolve a cognição no processo da caracterização física e modificação da autoimagem, através do Sistema Stanislávski.

5. Seriedade é fundamental para o desenvolvimento do tratamento. Não é voltado para os que buscam exibicionismo para compensar questões psicológicas de ordem inconsciente, mas em equilíbrio corporal (saúde física e mental).

6. Os requisitos têm como base a norma do ator proposta por Stanislavski, e exige o máximo de determinação por parte daquele que realmente visa a qualidade de vida.

A Caracterização Física.

A caracterização física, trata da modificação do tipo físico pelo ator no processo de construção da personagem. A gordura corporal pode ser eliminada rapidamente – uma característica natural do organismo, quando o paciente passa a dominar o Sistema desenvolvido por Konstantin Stanislavski, adotado nos EUA por atores como Robert De Niro, Al Pacino, Paul Newman, Dustin Hoffman, entre outros. O tipo físico simboliza um estado de espírito, não uma característica hereditária; esse processo de transformação física nada tem a ver com dietas, exercícios ou consumo de medicamentos. A alimentação é o maior aliado do corpo para que encontre seu ponto de equilíbrio. O domínio da caracterização física permite um autocontrole por parte do cliente que é conscientizado durante o processo da perda de peso (insights), que nenhuma dieta proporciona, já que o foco da maioria das pessoas está na autoestima delegada à opinião pública. O trabalho é dividido nas etapas da caracterização e da representação instintiva da fome. O cliente segue comendo normalmente sem nenhum tipo de restrição alimentar, e não entramos nesta questão particular que compete apenas ao cliente. A caracterização física do ator é um trabalho gratificante porque expressa a verdade. O bem-estar consigo, o controle sobre si próprio e a consciência sobre o meio circundante, proporciona o equilíbrio natural do corpo, que é a consciência inacabada que revela infinitas possibilidades. Firmeza, é assumir posição; concentração, é respeitar a si mesmo como ser humano; determinar-se, é reconhecer o seu valor no mundo. O cliente consciente do Sistema não se deixa levar por questões mundanas de um ego, pela mascarada – parafraseando Stanislávski – , que vela os impulsos vitais, restando caras e bocas num maneirismo tão conhecido das fachadas sociais, reconhecendo que tem um corpo; e sua missão é afinar esse instrumento para que soem as verdadeiras notas no tempo e ritmo natural do organismo.

A alimentação no processo de caracterização.

A alimentação é o principal condutor para uma boa caracterização física, porque é o que nos mantém vivos. Aqui, não trataremos de temas polêmicos sobre a qualidade daquilo que ingerimos, mas independentemente do fator qualitativo, de sua condição vital para o funcionamento equilibrado do organismo no processo de perda de peso – equilíbrio físico-mental. Os humanos não são nada diferentes dos de outras espécies do reino animal, quando trata-se do instinto de sobrevivência. A fome pode ser considerada a expressão de uma necessidade instintiva, como salientou Wilhelm Stekel, ex-discípulo de Sigmund Freud. Essa observação é importante para tomarmos consciência dos momentos que antecedem a sensação da fome . Essa tomada de consciência é fundamental para assentarmos em nossa mente (leia-se corpo), a posição de controle que temos sobre nós mesmos diante dos alimentos, das crenças adquiridas da pressão do meio social sobre o seu significado. Por sermos animais racionais, modificamos o processo natural que faz parte da cadeia alimentar, adotando artifícios que não condizem com a verdade do organismo . Quem se alimenta é o corpo, e não nossa cabeça pensante. O que podemos chamar de mecanismo da relação corpo-alimento já nasce com o indivíduo, e depende apenas de nós mesmos como fazer uso consciente desse conhecimento.

Determinação.

Pioneiro no cinema em ganhar e perder muitos quilos, o ator nova-iorquino Robert De Niro estudou o Sistema com Stella Adler, atriz que procurou Stanislavski pessoalmente para desfazer as confusões sobre seus ensinamentos nos EUA . A caracterização física começa a ganhar destaque no meio cinematográfico americano. No link, uma variedade de personagens trabalhados pelo ator, sem o psicologismo do chamado “método” Stanislávski, revela as capacidades infindas para a imaginação criativa. A chamada Era dos Diretores, também permitiu um experimentalismo que não se via no cinema dos anos 1960 para trás, herança deixada por Stanislávski, junto com Nemiróvitch Dântchenko o cofundador do Teatro de Arte de Moscou, que trabalharam a composição cênica em um nível avançado para a época. Corpo e cenografia se fundem buscando a natureza relacional desses dois elementos que expressam a verdade do ator no palco, que nada mais é que o mundo circundante. Quanto a isto, podemos nos referir à relação: ações físicas, baseadas nas crenças internas e palco, referente ao mundo externo. O conceito Interno/Externo, proveniente do minimalismo chomskyano, otimiza as observações acerca da caracterização no período de construção, facilitando as descrições desse processo. Toda ação humana, sem exceção, é regida internamente por um sistema que desconhecemos, ligado à estrutura mente-cérebro. A intenção consciente que usamos para atingir determinados fins, também deve ser compreendida como sendo regida pela mesma estrutura. Logo, o “como” fazemos determinadas coisas na vida, é inconsciente; não podemos saber o que o constitui. Assim sendo, as ações físicas devem ser levadas muito a sério pelo indivíduo, ciente de que porta tais estruturas que o permitam modificar características e atingir objetivos. Portanto, não há teoria alguma da arte teatral com a qual o ator possa contar, mas apenas com ele mesmo. Quanto ao ambiente onde exerce as ações, o mundo externo – ou palco – serve-lhe de base para o processo de inspiração e confirmação de terceiros acerca dos resultados caracterizados – como estou agora/onde estou agora. A posse de como estou e onde, determina o ânimo que vai delineando o aspecto físico e a autoimagem que confirmam para o ator o resultado construído inconscientemente, regido pela intenção consciente.

Ação física, Conceito e Crença.

 Quando estamos trabalhando a caracterização física, estamos agindo o tempo todo, e a ação começa na imaginação. Stanislávski definiu uma tabela de referência para orientar seus atores sobre a análise psicológica e fisiológica de um papel. Para o processo de construção da personagem, quando o ator desenvolve o tipo físico para um determinado trabalho através da tabela de referência, podemos paralelamente abordar um tema acerca dos conceitos e crenças defendidas por Chomsky, para observarmos o fenômeno se manifestando quando o ator passa a fazer uso dos recursos inatos Logo, as sensações psicofisiológicas de estados de consciência definidas por Stanislávski através de sinais, nos guiam para que compreendamos a noção de uso que fazemos de certas características nunca antes usadas, quando há intenção empregada. Quando estamos determinados, procuramos criar esquemas e refletimos sobre coisas que acompanham nosso modo de pensar quando estamos resolvendo um problema. Como exemplo, um ator focado em compor uma personagem, acaba desenvolvendo seu próprio laboratório utilizando elementos do mundo dos quais necessita, e cria um conceito próprio sobre seu projeto, mas não tem a menor ideia como isso ocorre de fato. O máximo que podemos afirmar – jamais explicar intrinsecamente o que acontece – , é que algo existente na cabeça do ator foi usado de alguma maneira para chegar ao resultado, e com base na experiência adquirida através da ação, um grau de confiança foi gerado, que é a crença positiva sustentada nesta experiência anterior, e a isso, Stanislávski atribui a chamada seta para cima, o aumento da energia, do ânimo, porque agora o ator pode confiar, acreditar em algo que se tornou conhecido, e que de certa forma ocupa um espaço em sua consciência, permitindo-lhe construir novas formas através do uso de suas capacidades, e seguir adiante.

A configuração do tratamento é específica para cada caso.

 Não existe uma fórmula geral aplicada para o trabalho de perda de peso. Cada indivíduo tem uma história de vida única, e um desenvolvimento físico único. O que podemos observar como geral é a manifestação de ordem mental que responde ao trabalho direcionado pelo SP&P. As características não usadas por motivos de pressão do meio social, revelam uma natureza universal própria do corpo manifestando-se particularmente em cada indivíduo, quando acionadas pela intenção consciente. Como já foi levantado em outros tópicos de nosso Blog, não é possível uma formulação teórica, seja esta indutivista ou dedutivista, já que partindo da primeira, não possuímos uma intuição sensível para conhecermos através da experiência o que realmente ocorre de fato no processo de caracterização e, da segunda, nenhuma explicação racional possível, pelo fato de a natureza do corpo não permitir especulações dessa ordem. Stanislávski chegou a afirmar que a ciência ignorou o teatro, o esqueceu, e isso revela a total liberdade do ator em trabalhar recursos psíquicos não explicados, livres de qualquer formalismo metodológico. Logo, o trabalho realizado através do SP&P , permite ao cliente fazer uso dos próprios recursos internos, assim como os atores em seus laboratórios, quando estão compondo suas personagens. A configuração do trabalho é definida com o caso específico – físico e mental, sob orientação não metodológica e suporte multidisciplinar, dependendo do processo em desenvolvimento.